Estudantes paulistanos são destaque em feira mundial de ciências
Projeto que procurou fatores culturais associados ao comportamento antivacina foi um dos seis trabalhos brasileiros premiados na Regeneron ISEF, que terminou hoje (13/5), nos EUA.
A tentativa de analisar como aspectos culturais estão relacionados com o negacionismo das vacinas rendeu aos estudantes paulistanos João Pedro Sassi Sandre e Pietro Andrade Quinzani a quarta colocação na categoria “Ciências Comportamentais e Sociais” e mais US$ 500,00 na Grand Awards Ceremony da Regeneron International Science and Engineering Fair (ISEF). Veja aqui o vídeo da premiação.
A Regeneron ISEF, que terminou hoje (13/5) em Atlanta (EUA), é a maior feira internacional de ciências e engenharia. O evento reuniu mais de 1.500 estudantes de cerca de 70 países e territórios, que competiram por cerca de US$ 8 milhões em prêmios, entre bolsas de estudo, estágios e viagens de campo.
A delegação brasileira foi composta 26 estudantes, que apresentaram 18 projetos na mostra internacional. Eles foram selecionados em duas mostras nacionais: a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), de São Paulo, patrocinada pela Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, e a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (MOSTRATEC), de Novo Hamburgo (RS).
Os brasileiros premiados na ISEF.
Batizado de Anti-Skeptikal, o projeto dos estudantes paulistanos foi uma tentativa de encontrar, de forma estatística, perfis culturais que potencializem a hesitação à vacina e o comportamento antivacina. Para isso, os alunos utilizaram a matriz de Hofstede – uma forma de quantificação que analisa a cultura a partir de seis dimensões: distância de poder; individualismo x coletivismo; masculinidade x feminilidade; prevenção de incerteza; orientação a longo prazo x curto prazo; e índice de indulgência pessoa.
A pesquisa, no entanto, não encontrou nenhuma relação profunda entre o grau de ceticismo ligado às vacinas e os traços culturais de um país. Para o orientador do trabalho, o professor Francisco Tupy Gomes Corrêa, do Colégio Visconde de Porto Seguro, de São Paulo, a refutação nas hipóteses postuladas serve para mostrar aos alunos como a ciência é feita na prática. “A ciência não é para confirmar a ideia que você tem. É para encontrar algo que você não sabe”, diz Corrêa.
“Essa análise que eles fizeram volta-se para o lado humano, é uma questão de comportamento, de ser humano para ser humano. É usar a tecnologia para tentar entender o que leva a pessoa a ser anti-vaxxer e tentar buscar um conhecimento em função disso. Um negacionismo como esse pode comprometer a humanidade”, destaca o orientador sobre o ineditismo da pesquisa. Outro ponto salientado foi o uso da matriz de Hofstede, utilizada tanto para estudos sobre empreendedorismo quanto científicos.
O imprevisto serviu para Pietro e João mudarem a rota da pesquisa. Eles inverteram a metodologia da pesquisa, mantendo a análise cultural e sua relação com o ceticismo em relação às vacinas, porém, sem uma relação estatística com a matriz de Hofstede. O Anti-Skeptikal, então, mudou o papel da matriz na pesquisa, que visa atingir os tomadores de decisão.
Sobre a FEBRACE: Promovida anualmente pela Escola Politécnica da USP e realizada pelo Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC), a FEBRACE é a maior feira brasileira pré-universitária de Ciências e Engenharia em abrangência e visibilidade. Seu objetivo é estimular a cultura científica, a inovação e o empreendedorismo na educação básica e técnica, despertando novas vocações nessas áreas e induzindo práticas pedagógicas inovadoras nas escolas. Na feira, são selecionados todos os anos nove projetos para participar da ISEF.
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