Notícias / 15 · mar · 2024

Sustentabilidade e responsabilidade social são destaques nos projetos da FEBRACE 2024

Maior mostra pré-universitária de ciências e engenharia do País será realizada entre dias 18 e 22 de março, na USP, em São Paulo, com 226 projetos em exposição.


Entre os dias 18 e 22 de março acontecerá na Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, a 22ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE). Trata-se da maior mostra pré-universitária de projetos de ciências e engenharia do País, que terá em exposição, neste ano, 226 projetos, desenvolvidos por 498 estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal.

Os trabalhos finalistas foram selecionados entre 2.900 projetos inscritos, um número recorde nos 22 anos da FEBRACE. Grande parte deles está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS] da ONU, que busca soluções para problemas complexos que afligem o planeta e as comunidades nas quais os estudantes estão inseridos.

Confira abaixo alguns projetos de destaque:

Superlarvicida contra dengue – As estudantes Anna Nicolly de Araújo Ferreira e Marília Clara da Silva, da Escola Estadual Rui Barbosa, em Tibau (RN), desenvolvem dois produtos, um larvicida líquido e uma biopastilha, que se mostraram mais rápidos para eliminar as larvas do Aedes aegypti em águas paradas. Os produtos foram desenvolvidos a partir de matérias-primas naturais (folha da mamona e algas marinhas), que não impactam o meio ambiente. O larvicida líquido pode ser aplicado em reservatórios de águas da chuva para consumo doméstico, comuns nas zonas rurais. Já a biopastilha é destinada principalmente para caixas d’água e piscinas. Nos testes, o larvicida líquido eliminou as larvas em um período de cinco horas, e impediu a reprodução delas. A biopastilha, por sua vez, obteve o mesmo feito em três horas. Tudo isso sem alteração do pH da água. Os resultados do larvicida líquido também foram melhores, quando comparados aos industrializados: mataram as larvas 30 minutos mais rapidamente.

Pisos e pias feitas de cascas de mexilhão – O sururu é uma espécie de mexilhão popular em todo o litoral do nordeste, principalmente nas praias de Alagoas, onde se configura como uma importante atividade econômica para a população local. Todavia, seu consumo gera o descarte inadequado de centenas de toneladas de cascas, o que geralmente acontece às beiras dos lagos e mares. A solução para este problema ambiental partiu dos estudantes Feliphe Oliveira, Gabriely de Oliveira Barros e Vittória da Silva Barros, da Escola Estadual Professor Teotônio Vilela Brandão, em Maceió. Eles transformaram as cacas do mexilhão em uma cerâmica de coloração azulada que pode ser utilizada em pisos e pias. Uma vez trituradas, as cascas substituem a areia na produção da cerâmica, com boa resistência. Sua produção também é simples e de baixo custo. Para a criação dos protótipos de pias, que serão apresentados na feira, eles investiram apenas R$ 12,00, custo que inclui os materiais hidráulicos, como canos e válvulas.

Copo antiassédio – Paulo Maia Nogueira, Marcos Vinicius Guerreiro da Silva, Francisco Ribeiro da Cunha, estudantes do Instituto Federal do Ceará, campus de Limoeiro do Norte, desenvolveram um copo que busca prevenir o golpe “Boa Noite, Cinderela”, crime que consiste em drogar a vítima com substâncias químicas, sem seu consentimento, para dopá-la e depois roubá-la ou estuprá-la. Além de vedado com tampa, o que dificulta a inserção dos comprimidos, o copo conta com um dispositivo para alertar a vítima da presença da droga. O dispositivo coleta micropartículas da bebida e faz a análise toxicológica com reagentes. Se o resultado for positivo, é liberado um líquido que muda a coloração da bebida, indicando a presença da droga. Além disso, para baladas ou festas em locais de baixa ou alta luminosidade, o copo é equipado com um display de LED, que emite luz quando a coloração for alterada. O dispositivo e o LED funcionam com bateria, que pode ser recarregada. A tecnologia pode ser utilizada não apenas para identificar drogas, sendo eficaz também na detecção de metais pesados, que contaminam a água, por exemplo.

“Madeira” de tecido – Para reduzir os impactos da indústria têxtil no meio ambiente, Henrique de Mello Pisaroglo e Brenda Viana Severo, estudantes do curso técnico de Mecânica do Senai Plínio Gilberto Kroeff, de São Leopoldo (RS), conseguiram reaproveitar diversos tecidos de roupas produzindo um material que pode substituir a madeira com uma resistência duas vezes maior, de acordo com os estudos de compressão e impacto. E com a vantagem de ter baixo custo: apenas R$ 5,00 uma tábua de 40 cm. Nas instalações da escola, os alunos trituram os tecidos e adicionaram uma resina. Depois, prensaram essa mistura em um molde criado por eles, que resultou em uma prancha. A partir disso, foi possível criar diversos tipos de objetos, como cadeiras e até cabos de ferramentas. Com o material, também é possível produzir tampas de pia, bancos e outros objetos, já que esse se mostrou também impermeável nos testes.

Prótese fiel da aréola da mama – A mastectomia é um procedimento cirúrgico invasivo que, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), ocorre em cerca de 70% dos casos de câncer de mama e implica na remoção total ou parcial do seio para a retirada do tumor, o que geralmente elimina a auréola. A cirurgia de reconstrução da mama, feita pelo SUS, não inclui a reconstrução da auréola – procedimento que deve ser feito em outra cirurgia, com custos arcados pelas pacientes. Visando diminuir o impacto na autoestima dessas pacientes, as estudantes Júlia Reis Marques, Patrícia Dário Bertasso e Nicole Isabelle Borge Fernandes, do Colégio Puríssimo Coração de Maria, em Rio Claro (SP), desenvolveram uma prótese de baixo custo da aréola da mama. Feita de silicone, a prótese pode ser fixada pelas próprias pacientes com cola de peruca, que não traz danos à saúde. São criadas a partir de imagens em 3D das mamas e auréolas da paciente antes da cirurgia, e depois produzidas com impressora 3D. O molde é preenchido com silicone e recebe micropigmentação, que mimetiza a auréola da forma como era originalmente na paciente.

Areia” de casca de coco – Vinicius da Silva Carvalho e Lavínia Mota Santos, estudantes do curso técnico de Administração da Escola Estadual Centro Territorial de Educação Profissional, em Serrinha (BA), buscavam uma forma de reduzir o custo da areia sanitária para gatos, comercializada em uma média de R$ 12,00 por quilo. Eles conseguiram isso ao substituir a areia por um material produzido a partir da casca do coco verde, que custa R$ 8,00 e rende dez vezes mais que a areia. De quebra, também ofereceram uma solução para um problema ambiental do estado: a Bahia é um grande produtor de coco, mas não possui um programa eficaz para o descarte das milhares de toneladas de cascas que são geradas. O produto também é simples de ser feito. Basta triturar a casca. Já o bagaço que sobra pode ser usado como adubo. Segundo avaliações de veterinários convidados pelos estudantes, o produto não traz nenhuma alteração à saúde do animal ou dificuldade de adaptação. Refrigerador portátil para insulina – A insulina é um medicamento de alto custo que está em falta em muitas regiões do mundo. Para piorar, em geladeiras ou em temperatura ambiente não é possível armazená-los na temperatura indicada em sua bula — entre dois e oito graus celsius —, o que reduz o tempo de conservação das ampolas de quatro a oito semanas para duas a três semanas. De forma a resolver esse problema, as estudantes Giovana Rocha dos Santos e Letícia Petitto, do curso técnico de Eletrônica do Instituto Federal de São Paulo, campus de Campinas, desenvolveram um refrigerador portátil que atua na temperatura correta e é capaz de armazenar até duas ampolas de insulinas, o suficiente para atender o paciente por mais de um mês. Fora da tomada, o refrigerador, que pesa apenas 1,5 quilo, consegue manter o medicamento na temperatura por até quatro horas, o que torna possível utilizá-lo em viagens — uma dificuldade dos pacientes (a insulina se deteriora rapidamente em exposição ao sol ou em temperaturas acima de 30 graus). Em até oito minutos, conectado à tomada, o aparelho já atinge a temperatura recomendada pelos fabricantes de insulina. A tecnologia pode ainda ser adaptada para a conservação de vacinas, uma vez que elas também exigem a mesma temperatura de armazenamento.

Robô bombeiro – Otávio Sousa Abreu, Giovana Moreira de Sousa e Maria Rocha Lucena, estudantes do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará, em Fortaleza (CE), desenvolveram um robô capaz de auxiliar bombeiros no resgate de vítimas de afogamento — sobretudo à noite, quando a visibilidade é dificultada e, muitas vezes, o bombeiro não pode atuar devido ao risco elevado. O robô atua sobre a água, como uma boia, por um período de até quatro horas. Ele pode ser controlado pelo bombeiro ou atuar de forma automatizada. Neste último caso, por meio de um sensor infravermelho que faz com que o robô opere apenas dentro de uma área de busca pré-configurada. O robô possui uma câmera 360º fixada na parte submersa, que é programada para reconhecer pessoas, diferenciando-as de peixes e pedras. Ao localizar a vítima, o robô emite um sinal para o bombeiro. Sua eficiência foi testada em experimentos feitos na piscina olímpica do Colégio, em diversas condições: com água limpa, suja, de manhã e à noite. Feito inteiramente de materiais reciclados, como canos de PVC e fios, o robô tem um custo de produção de R$ 300,00.

Papel de bagaço de cana-de-açúcar – Alagoas tem como principal produto agrícola a cana-de-açúcar, que movimenta milhões de dólares da sua economia. Todavia, essa produção também tem um grande impacto ambiental devido à queima do bagaço. Amanda de França Lima, Jamyle Gomes da Silva e Bruna Alves Tenório, estudantes da Escola Estadual Prof.ª Benedita de Castro Lima, em Maceió (AL), propõem uma alternativa para o uso desse bagaço. A partir dele, elas produziram papel, com folhas flexíveis e resistentes. Para tanto, elas desenvolveram um novo método de produção, o primeiro a utilizar apenas o bagaço, já que outras metodologias também utilizam o amido de batata, que encarecem e dificultam o processo de produção. Depois de triturar o bagaço com água, secar o material e peneirá-lo, os grãos de celulose obtidos passam por uma peneira e um tratamento físico-químico simples (apenas água sanitária, soda cáustica e calor). O custo para produção de cada folha, em pequena escala, é de R$ 0,39.


Serviço: A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) será realizada presencialmente no piso térreo do Inova USP (Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 370, Cidade Universitária, Butantã, São Paulo). Dia 19 de março, das 8h30 às 16h30: mostra aberta exclusivamente para autoridades, avaliadores e imprensa. Dias 20 e 21 de março, das 8h30 às 16h30: mostra aberta ao público e imprensa. A entrada é franca. Para grupos com mais de 10 pessoas é necessário agendamento prévio pelo link: https://febrace.org.br/agendar/
Nesse mesmo período, também haverá a mostra virtual, com os 500 semifinalistas.


Sobre a FEBRACE:
Promovida anualmente pela Escola Politécnica da USP e realizada pelo Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico- LSI-TEC, a FEBRACE é a maior feira brasileira pré-universitária de Ciências e Engenharia em abrangência e visibilidade. Seu objetivo é estimular a cultura científica, a inovação e o empreendedorismo na educação básica e técnica, despertando novas vocações nessas áreas e induzindo práticas pedagógicas inovadoras nas escolas. Esta edição tem o patrocínio da Petrobras, Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, e apoio institucional do Conselho Regional de Técnicos do Estado de São Paulo – CRT-SP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Governo Federal.


Atendimento à imprensa:
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